terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Ronda Programada: credibilidade na ação preventiva para evitar furtos em residências

                               
                        
                 
                     Por: Adilson Luís Franco Nassaro

                  A “Ronda Programada” é um serviço que os órgãos policiais de prevenção podem oferecer às pessoas que pretendem viajar e manterão suas residências fechadas durante o período das férias escolares, ou mesmo em outras ocasiões (especialmente feriados prolongados). Ele possibilita um planejamento de rondas por esses endereços, após orientações sobre segurança passadas ao interessado. Um mês antes do período de férias escolares, o policiamento preventivo divulga na imprensa local a notícia de que as pessoas interessadas podem ligar ou comparecer às sedes do batalhão ou companhia e agendar o período de interesse, ocasião em que se preenche um cadastro com informações necessárias tais como: endereço, período de ausência, telefones de contato, pessoa (preferencialmente um vizinho) de confiança ou quem possua cópia das chaves, quais os dispositivos de segurança existentes e outros dados relevantes.

                Durante esse contato de agendamento, o policial atendente passa recomendações ao interessado, que deverá: suspender entrega de jornais e revistas durante o período (o criminoso percebe acúmulo de jornais, por exemplo, na porta da casa e tem a certeza de que os moradores estão ausentes); combinar com um vizinho amigo ou pessoa de confiança que passe pelo local periodicamente e não deixe a aparência de “abandono” (folhas de árvores caídas na entrada principal, por exemplo); se possível, providenciar para que alguém acenda luzes no interior da residência em dias e horários alternados. A partir desse contato, o gestor de policiamento preventivo vai programar rondas nesse endereço e as patrulhas terão  facilidade em se comunicar com o responsável (ou por alguém que ele designe) no caso de constatação de alguma situação extraordinária (por exemplo, um alarme disparado) durante as rondas realizadas.

                 Conforme divulgado na imprensa de circulação nacional, em julho de 2009, o programa foi iniciado no ano de 2000 na cidade de Bauru (sede de Comando Regional da Polícia Militar, CPI-4) e, desde 2005, se expandiu para as 89 cidades que integram os seis batalhões da região (entre eles o 32º BPM/I, em Assis), com grande sucesso:

 
Em Bauru, a 350 Km de São Paulo, o furto em residências aumentava substancialmente nos feriados e férias escolares. Dois fatores contribuíram para isso. A maioria dos 360 mil habitantes mora em casas e 28 mil universitários vivem na cidade, atraídos pelas quatro universidades e nove instituições de ensino superior, mas viajam periodicamente.
Em 2000, a cidade adotou o projeto Ronda Programada para reforçar a segurança dada às residências. Trata-se de um serviço de vigilância específica e redobrada, com visitas diárias às casas dos moradores que se cadastraram no programa. (...).
A ideia deu tão certo que há cinco anos o projeto foi estendido para todo o Comando de Policiamento do Interior-4, responsável pela região centro-oeste, que abrange 89 municípios, inclusive Marília, Assis, Jaú, Lins e Ourinhos. Funciona durante todo o ano, mas a procura aumenta nas folgas prolongadas[1].

 
               Os patrulheiros em deslocamento com a viatura não são capazes, naturalmente, de observar tudo e a todos ao mesmo tempo; no entanto, a partir das informações recebidas e programação das rondas, a atenção será bem maior quanto aos pontos predeterminado. No aspecto de vulnerabilidade, de fato, a residência que se encontra temporariamente vazia é mais suscetível a ser objeto da ação criminosa, no caso, o furto normalmente qualificado pelo arrombamento e por isso merece maior atenção. Não se pode, a título de crítica a essa estratégia, dizer que o policiamento preventivo privilegiará determinado grupo de endereços em detrimento aos demais porque a rotina dos serviços prestados continuará sem alteração, o patrulhamento e o atendimento de ocorrências não serão interrompidos e a possibilidade de agendamento é aberta para qualquer pessoa, criando-se um vínculo forte entre comunidade e polícia. Também a iniciativa fortalece a relação de confiança da comunidade e o serviço público prestado.

            Quanto à imagem institucional, a Ronda Programada tem um poder fantástico em revelar e difundir o comprometimento do órgão policial com a comunidade a que defende exatamente no momento de maior vulnerabilidade em relação ao bem material mais precioso do morador, em virtude do seu temporário afastamento da residência.

            A experiência positiva de vários anos de funcionamento do programa no Centro-Oeste paulista justifica a grande aceitação da comunidade diante da estratégica iniciativa: nenhuma das residências cadastradas na ronda foi furtada.




[1] CARDOSO, Mônica. PM faz ronda programada em 89 cidades. Jornal “O Estado de São Paulo”. Caderno Cidades/Metrópole, p. C3, 04/07/09.