Por: Adilson Luís Franco Nassaro
A “Ronda Programada” é um serviço que os órgãos policiais
de prevenção podem oferecer às pessoas que pretendem viajar e manterão suas
residências fechadas durante o período das férias escolares, ou mesmo em outras
ocasiões (especialmente feriados prolongados). Ele possibilita um planejamento
de rondas por esses endereços, após orientações sobre segurança passadas ao
interessado. Um mês antes do período de férias escolares, o policiamento
preventivo divulga na imprensa local a notícia de que as pessoas interessadas
podem ligar ou comparecer às sedes do batalhão ou companhia e agendar o período
de interesse, ocasião em que se preenche um cadastro com informações
necessárias tais como: endereço, período de ausência, telefones de contato,
pessoa (preferencialmente um vizinho) de confiança ou quem possua cópia das
chaves, quais os dispositivos de segurança existentes e outros dados relevantes.
Durante esse contato de agendamento, o policial atendente passa
recomendações ao interessado, que deverá: suspender entrega de jornais e
revistas durante o período (o criminoso percebe acúmulo de jornais, por
exemplo, na porta da casa e tem a certeza de que os moradores estão ausentes); combinar
com um vizinho amigo ou pessoa de confiança que passe pelo local periodicamente
e não deixe a aparência de “abandono” (folhas de árvores caídas na entrada
principal, por exemplo); se possível, providenciar para que alguém acenda luzes
no interior da residência em dias e horários alternados. A partir desse
contato, o gestor de policiamento preventivo vai programar rondas nesse
endereço e as patrulhas terão facilidade
em se comunicar com o responsável (ou por alguém que ele designe) no caso de constatação
de alguma situação extraordinária (por exemplo, um alarme disparado) durante as
rondas realizadas.
Conforme divulgado na imprensa de
circulação nacional, em julho de 2009, o programa foi iniciado no ano de 2000
na cidade de Bauru (sede de Comando Regional da Polícia Militar, CPI-4) e,
desde 2005, se expandiu para as 89 cidades que integram os seis batalhões da
região (entre eles o 32º BPM/I, em Assis), com grande sucesso:
Em Bauru,
a 350 Km
de São Paulo, o furto em residências aumentava substancialmente nos feriados e
férias escolares. Dois fatores contribuíram para isso. A maioria dos 360 mil
habitantes mora em casas e 28 mil universitários vivem na cidade, atraídos
pelas quatro universidades e nove instituições de ensino superior, mas viajam
periodicamente.
Em 2000, a cidade adotou o
projeto Ronda Programada para reforçar a segurança dada às residências.
Trata-se de um serviço de vigilância específica e redobrada, com visitas
diárias às casas dos moradores que se cadastraram no programa. (...).
A ideia
deu tão certo que há cinco anos o projeto foi estendido para todo o Comando de
Policiamento do Interior-4, responsável pela região centro-oeste, que abrange
89 municípios, inclusive Marília, Assis, Jaú, Lins e Ourinhos. Funciona durante
todo o ano, mas a procura aumenta nas folgas prolongadas[1].
Os
patrulheiros em deslocamento com a viatura não são capazes, naturalmente, de
observar tudo e a todos ao mesmo tempo; no entanto, a partir das informações
recebidas e programação das rondas, a atenção será bem maior quanto aos pontos
predeterminado. No aspecto de vulnerabilidade, de fato, a residência que se
encontra temporariamente vazia é mais suscetível a ser objeto da ação
criminosa, no caso, o furto normalmente qualificado pelo arrombamento e por
isso merece maior atenção. Não se pode, a título de crítica a essa estratégia,
dizer que o policiamento preventivo privilegiará determinado grupo de endereços
em detrimento aos demais porque a rotina dos serviços prestados continuará sem
alteração, o patrulhamento e o atendimento de ocorrências não serão
interrompidos e a possibilidade de agendamento é aberta para qualquer pessoa,
criando-se um vínculo forte entre comunidade e polícia. Também a iniciativa
fortalece a relação de confiança da comunidade e o serviço público prestado.
Quanto à imagem
institucional, a Ronda Programada tem um poder fantástico em revelar e difundir
o comprometimento do órgão policial com a comunidade a que defende exatamente no
momento de maior vulnerabilidade em relação ao bem material mais precioso do
morador, em virtude do seu temporário afastamento da residência.
A experiência
positiva de vários anos de funcionamento do programa no Centro-Oeste paulista
justifica a grande aceitação da comunidade diante da estratégica iniciativa:
nenhuma das residências cadastradas na ronda foi furtada.
[1] CARDOSO, Mônica. PM faz ronda programada em 89 cidades.
Jornal “O Estado de São Paulo”. Caderno Cidades/Metrópole, p. C3, 04/07/09.